domingo, 28 de junio de 2009

Driquita




Hoje apetece-me escrever. Por isso decidi publicar uma entrada sobre a minha cadelita Drica.

A Drica apareceu na minha vida um belo dia em que eu cheguei a casa mais cedo do trabalho porque tinha uma consulta no dentista. Estávamos em 2004.
Quando estacionei o Honda à porta de casa e saí vi um cão jovem, com ares de boxer que se detinha no meio da rua a olhar para mim. Olhei para aquele bichinho tão indefeso e pensei: que fazes por aqui?

Na altura não estive a observar muito o animal porque tinha um pouco de pressa. Quando cheguei a casa umas duas horas mais tarde pude então observar mais atentamente pela janela. Tratava-se de uma cadela, que era uma boxer ou bastarda de boxer, não tinha mais de 6 meses de idade, tinha a cauda amputada e encontrava-se num estado bastante preocupante: muito magra e com muitas peladas.

Ao jantar aproveitei para comentar o facto com a minha mãe. Não soube muito mais. Apenas que a chamavam na rua de "estrelinha" devido à mancha branca que tinha no peito e que era muito dócil.

Esta não era a primeira nem a última vez que apareciam cães na rua. Na urbanização há muitos cães e o facto de haver uma padaria fazia com que todos os dias pudéssemos ver cães novos a vagar pelas ruas.
Aproveitei a semana para observar mais a cadelita. Ainda não se tinha ido embora. Dava-me muita pena ver como se aproximava das pessoas que saiam da padaria para que lhe dessem um pouco de pão. Ás vezes tinha sorte mas muitas vezes recebia um pontapé ou uma ameaça de coça.

Uma vez li que uma forma de se conhecer um pessoa é ver como ela trata os animais e as pessoas que estão num patamar mais baixo.

Nessa altura tínhamos o Putchi e a Ninife. Um novo cão implicava mais orçamento mas uns meses antes tínhamos falado em ter um cão grande em casa para protecção. Ainda chegámos a ter um husky durante 1 dia mas não nos convenceu.

Depois de muito observar resolvi sondar a minha mãe. Peguei no argumento de ter um cão grande e tentei convencer a minha mãe a ficar com a "estrelinha". Sem estar muito convencida a minha mãe deixou-me trazer a cadelita para casa.
Apesar de ser muito dócil, era muito difícil conseguir tocar-lhe. Penso que devia estar traumatizada por algo que lhe passara. Bastava que estendesses a mão para lhe tocar na cabeça e ela fugia.

Então, abri um bocadinho o portão e comecei a chamá-la. Ela aproximou-se e com um golpe rápido agarrei-a pelo baraço que trazia ao pescoço (sinal de que tinha tido um dono), e puxei-a para dentro.
Estava super assustada. Com muita cautela aproximei-me dela (não fosse ela tentar morder-me) e toquei-lhe. Pude ver que tinha carraças e pulgas. Preparei uma bacia com água e lavei-a. Isto foi um sábado à tarde. De sábado para domingo dormiu no pátio. Domingo ainda estava muito assustada.
24h depois de estar em minha casa a bichita ainda não tinha dito um "au". Comecei a pensar que era muda. Nunca vi um cão mudo mas suponho que se os há cegos também os haverá mudos.

Segunda-feira chego a casa do trabalho e ouço a minha mãe a gritar de dentro: "Não lhe toques que tem tinha.". Tinha estado no veterinário de manhã para fazer um check-up à cadelita.

Este facto implicou uma reunião a 3; motivo: ficámos ou não com a cadela? O tratamento contra a tinha ia levar mais de um mês e custava cerca de 20 contos. A minha mãe era contra, a minha irmã abstinha-se e eu era a favor de seguir com a Drica - eu já a tinha baptizado. Decidimos ficar com a ela e fazer o tratamento.

Um mês depois, quando já estava a habituar-se a nós a minha mãe achou que já não queria a Drica e pô-la na rua um dia à noite. Chorei como uma Madalena. Nessa noite o Pedro foi lá casa e encontrou-me desolada. Nisto chega a minha sister a perguntar-me se eu tinha deixado a Drica entrar porque ela estava metida na casota. Jurei de pés juntos que não tinha sido eu. A minha mãe ficou uma fera mas aceitou a bichita e nunca mais tentou desfazer-se dela. Até hoje não sabemos como ela foi parar à casota. Pensámos que deve ter saltado o muro. A Drica é uma excelente saltadora; salta muros de 2 metros sem nenhum problema.

Bem, o que é certo é que há 5 anos que a Drica vive connosco. É adorada por todos, incluindo o meu pai que costuma dormir a siesta com ela.

É uma cadela amorosa que ladra como gente grande (afinal não é muda). Tem uns hábitos particulares e hoje é a grande companhia da minha mãe.

Deixo algumas fotos.

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